04 abril, 2010

Direitos humanos e hipocrisia humanitária

por Idelber Avelar, na Revista Fórum

No dia 14 de fevereiro de 2010, a Chanceler estadunidense e ícone feminista Hillary Clinton visitou a Arábia Saudita, país onde as mulheres vivem situação aterradora. No país, que mantém polpudos negócios petroleiros com os EUA, são os guardiães masculinos que decidem se a mulher pode trabalhar, casar-se ou viajar. Um tribunal de Unaiza, em março de 2009, recusou-se a anular o casamento de uma garota de 8 anos de idade com um homem adulto. Apedrejamentos de mulheres são acontecimento comum. Hillary Clinton foi recebida num palácio onde sequer é permitida a entrada de mulheres sauditas, bebericou chá com o Rei Abdullah e não consta que tenha feito qualquer declaração pública sobre a horrenda situação dos direitos das mulheres no reino saudita.

Em 18 de julho de 2008, o presidente Lula visitou a Colômbia para participar do encontro empresarial Colômbia-Brasil. O país vizinho é o recordista mundial de exilados internos: nada menos que 3 milhões de colombianos vivem deslocados de suas casas ou terras pela violência. Organismos de direitos humanos na Colômbia estimam que 80 membros da coalizão do presidente Uribe no Congresso são colaboradores de grupos paramilitares, que continuam operando com notável latitude, assassinando ou ameaçando sem preocupação com o Poder Judiciário. Não consta que o presidente Lula tenha dado declaração acerca dos direitos humanos na Colômbia nem que nada lhe tenha sido cobrado.

No entanto, quando o tema é Cuba, Irã ou Venezuela, as dondocas humanitárias se ouriçam com inaudita hipocrisia. Critica-se o presidente Lula por não receber uma comissão de dissidentes cubanos! Em Cuba! Como se o Itamaraty, alguma vez em sua história, tivesse conduzido política externa recebendo comissões de opositores em solo estrangeiro. No Observatório da Imprensa, Alberto Dines disse que “o presidente Lula atrapalhou-se ao explicar por que não atendera ao pedido dos dissidentes cubanos”. Na opinião desta coluna, é Alberto Dines quem se atrapalha ao confundir o papel do presidente da soberana República Federativa do Brasil, conduzindo negócios com a soberana República de Cuba, com o papel de um ativista de direitos humanos, sem sequer oferecer qualquer precedente histórico que autorizasse tão insólita confusão.

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Um comentário:

Valdecy Alves disse...

Olá!

Recentemente o Instituto Sangari publicou estudo sobre a violência nos últimos 10 anos no Brasil. Dados alarmantes, que demonstram que a violência que nos assusta no local onde moramos é um fenômeno nacional. O QUE ESTÁ ACONTECENDO? ALGUMAS REFLEXÕES? QUAL O PAPEL DE TODOS? Leia! Divulgue e deixe seu comentário:
www.valdecyalves.blogspot.com
Veja um vídeo do qual participei comentando sobre a violência na mídia:
http://www.youtube.com/watch?v=ljsdz4zDqmE
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