23 março, 2008

A queda de PHA

O portal IG, através de seu diretor-presidente, Caio Túlio Costa, comunicou que havia "descontinuado" o contrato do jornalista Paulo Henrique Amorin e, portanto, da equipe do site Conversa Afiada. Alegou que "os custos do contrato e as condições de mercado tornaram inviável a manutenção do contrato."

Essas "condições de mercado" devem ter mudado muito rapidamente, pois o jornalista teve o site tirado do ar assim que foi notificado de sua demissão. Os funcionários que Conversa Afiada tiveram seus cartões de acesso cancelados imediatamente e os que se encontravam na sede do IG foram escoltados por seguranças para fora do prédio.

O jornalista PHA, para reaver seus arquivos, obteve um mandado de busca e apreensão, e voltou ao IG, para buscar seu material. O Conversa Afiada voltou a funcionar, em outro endereço, embora o novo site ainda mostre os sinais do improviso.

O IG agiu de forma inexplicável e desrespeitosa, para com o jornalista e para com seus leitores, motivando a saída motu propria do também jornalista Mino Carta.

Fica claro que PHA deve ter desagradado - e muito -, algum dos anunciantes, ou potenciais anunciantes, do IG. Nos últimos dias ele vinha denunciando mais algumas manobras do inefável Daniel Dantes, O Orelhudo, em meio a criação da BrOi.

De qualquer forma, esse tipo de coisa ocorre com muita frequencia (e menor repercussão) na grande mídia.

Quem paga, no caso os anunciantes, sente-se no direito de influenciar na linha editorial. E, de fato, tem esse direito. Ajoelhou, tem que rezar.

Há que se lamentar apenas que as forças do chamado campo progressista ainda não tenham compreendido tal realidade com a clareza necessária e, em consequência, investido seriamente na criação e fortalecimento de uma mídia alternativa. Uma mídia que não fosse voltada para a defesa da alguma candidatura ou projeto partidário, mas que fosse comprometida com os ideais de liberdade, de justiça social de compromisso popular.

Infelizmente, a maior parte dos dirigentes de partidos de esquerda, de centrais sindicais, da igreja, do movimento popular, preferem contar com o espírito democrático da grande mídia.

É preciso ter lado. Os órgãos da grande imprensa apenas temporariamente tornam-se um pouco mais democráticos ou tolerantes; e apenas para garantir sua relativa credibilidade ou porque seus interesses estão em jogo.

Na maior parte do tempo, propõe o famoso acordo caracu: eles entram com a cara e a gente entra com a rima.

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