15 setembro, 2006

Serra e Alckmin: Sanguessugas

O empresário Luiz Antonio Vedoin, acusado de gerenciar esquema conhecido como Máfia dos Sanguessugas, de venda de ambulâncias superfaturadas a municípios, teve suspensa liberdade provisória e foi preso novamente pela Polícia Federal, em Cuiabá, Mato Grosso. Ele e seu primo Paulo Roberto Trevisan iam embarcar para São Paulo, às 23h30, com um vídeo que mostraria políticos, entre eles os candidatos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, na sede da Planam, além de uma agenda e várias fotos.

O material apreendido - imagens de vídeo e fotos - mostram os candidatos à Presidência e ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin e José Serra, respectivamente, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), o ex-governador Dante de Oliveira, os deputados federais Lino Rossi (PP-MT), Pedro Henry (PP-MT), e Thelma de Oliveira (PSDB-MT).

As imagens teriam sido feitas em 2001 na empresa Planam, acusada de vender as ambulâncias superfaturadas, após aprovação de emendas dos deputados. De acordo com o delegado, nos 23 minutos do DVD, as autoridades fazem discursos num ato de entrega de 40 ambulâncias para municípios de Mato Grosso.

Ao Jornal Nacional, o candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, negou as acusações e disse que as fitas devem ser investigadas.

Reportagem da revista IstoÉ traz os empresários Darci Vedoin e seu filho Luiz Antônio apontando o envolvimento de Serra com a Máfia dos Sanguessugas em depoimentos à Justiça, Ministério Público e à CPI dos Sanguessugas. A revista IstoÉ ouviu os dois e teve acesso aos documentos entregues aos órgãos públicos. A revista afirma que teve acessoa aos documentos, que conteriam indícios suficientes para "incluir nas investigações" sobre o escândalo "a efetiva participação dos ex-ministros da Saúde José Serra e Barjas Negri".

Os donos da Planam disseram à revista que começaram a distribuição de propinas a parlamentares que aprovassem emendas para a compra de ambulâncias em 1998, quando Serra assumiu o Ministério da Saúde. "Na época deles o nosso negócio era bem mais fácil. O dinheiro saía bem mais rápido. Foi quando mais crescemos", disse Darci Vedoin à IstoÉ.

Segundo a revista, das 891 ambulâncias comercializadas pela Planam entre 2000 e 2004, 681, ou 70 por cento do total, tiveram verbas liberadas dentro do período de gestão de Serra e Barjas. "A bancada do PSDB conseguia aprovar tudo e, no ministério, o dinheiro era rapidamente liberado, inclusive com a ajuda de Barjas", acrescentou Luiz Antonio. "A entrega desses documentos mostra que estamos cumprindo nosso acordo de dizer e provar tudo o que sabemos."

Mais uma vez, ele assumiu ser culpado, mas acusaram o governo anterior (FHC) de ser o maior responsável pelo esquema. "Temos culpa sim. Mas o grande culpado foi o governo lá de trás, que vem fazendo tudo isso e nos deu a oportunidade de fazer. Podem pegar todos os telefonemas e verão que eu não ligo para nenhum parlamentar. Eram eles que ligavam para nós", finalizou.

Em depoimento na quinta-feira à PF, Paulo Roberto Dalcol Trevisan, primo de Vedoin, disse que recebeu de Vedoin uma fita de vídeo e uma fotografia que envolveriam Serra.

O jornal Correio Braziliense citou também na quinta-feira documentos que comprovariam que Serra, quando ministro, não só sabia da movimentação de parlamentares para aprovar emendas que distribuíriam ambulâncias superfaturadas para Mato Grosso, como também teria determinado ao Fundo Nacional de Saúde para “providenciar o empenho e elaboração do convênio”, no caso de uma emenda no valor de R$ 88 mil, para o município de Nossa Senhora do Livramento (MT). A cidade integrava uma relação feita pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) de municípios a serem beneficiados, por meio de emendas.

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